Como vos foi prometido, outro post, adivinharam no autor? Pois bem, mais uma vez falaremos de Piaget!
Desenvolvimento moral
Ao
considerarmos um determinado acto certo ou errado estamos a ter um raciocínio
moral. O modo como o raciocínio moral se desenvolve depende da idade em que a
criança é considerada moralmente responsável e está tudo ligado ao
desenvolvimento cognitivo.
Hoje em dia,
os adultos em geral preocupam-se com a “moralidade” das crianças e dos jovens.
Os pais, em especial, não querem que os filhos violem as regras e as leis e
desejam que estes apresentem comportamentos considerados adequados evitando
complicações de qualquer tipo.
O estudo
sistemático sobre o desenvolvimento do pensamento moral inicia-se com Piaget
(1973), em que este desenvolveu um modelo teórico explicativo do
desenvolvimento moral baseado no respeito e compreensão das regras.
Para Piaget, a
dimensão moral do desenvolvimento refere-se ao respeito pelas normas sociais e
ao desenvolvimento de sentido de justiça no sentido da igualdade e
reciprocidade.
Com
experiências e observações, este propôs que a forma pela qual as crianças lidam
com as regras, com a moral e a justiça, varia conforme o processo de
desenvolvimento.
As suas
investigações permitiram-lhe concluir que existem diferenças quanto ao respeito
às regras em crianças de idades diferentes, distinguindo-se as fases de
heteronomia e autonomia moral.
·
Heteronomia
moral: dos 4/5 aos 8/9 anos
a) O
sujeito submete-se a regras que são ditadas do exterior e que são “sagradas”,
provenientes de uma autoridade superior e que não podem ser alteradas;
b) Nesta
fase, a criança percebe as regras como absolutas, imutáveis e intangíveis;
c) A
moralidade é determinada pelas consequências materiais, independentemente das
intenções do sujeito;
d) Sendo
as regras encaradas como algo exterior a si, só o respeito pela autoridade (que
as dita) justifica que elas sejam seguidas.
·
Autonomia
moral: dos 8/9 anos em diante
a) É
a moral da cooperação e da reciprocidade;
b) O
sujeito constrói as suas regras morais que interioriza e cuja necessidade
compreende;
c) A
criança percebe as regras como estabelecidas e mantidas pelo consenso social;
d) As
considerações sobre a justeza de um acto dependem agora das intenções;
e) O
contacto com pontos de vista divergentes constitui um elemento crucial para o
desenvolvimento da moralidade autónoma de reciprocidade.
Piaget passou
algumas provas que consistem em pequenas histórias contadas que as crianças
devem interpretar e julgar o que aconteceu (in Piaget, 1932, p.92):
1. “Era uma vez um menino que se chamava João e
que estava no seu quarto. A dada altura chamam-no para o jantar. Ele entra na
sala, mas atrás da porta da sala estava uma cadeira e nessa cadeira estava um
tabuleiro com quinze chávenas. O João não podia saber que estava lá a cadeira e
o tabuleiro com as chávenas. Ele entra na sala, a porta bate na cadeira e atira
o tabuleiro ao chão e as chávenas partem-se todas.”
2. “Era
uma vez um rapaz que se chamava Henrique. Um dia em que a sua mãe não estava em
casa ele quis comer um doce que estava num armário alto. Ele subiu a uma
cadeira e estendeu o braço. Mas o doce estava muito alto e ele não consegui
chegar lá. Ao tentar chegar ao doce, ele empurrou uma chávena. A chávena caiu e
partiu-se.”
Piaget mostra
ainda a distinção entre juízos “realistas” (centrados no resultado em sim
mesmo) e dos juízos “subjectivos”, de nível mais elaborado, que têm já em conta
a intenção subjacente.
No desenvolvimento destes juízos
não se verifica , todavia, uma passagem linear do “realista” para o “subjectivo”
pois eles podem coexistir durante muito tempo.
Piaget
concluiu que as crianças diferentes adquiriram versões diferentes das regras e,
ao brincarem juntas, essas discrepâncias tornar-se-ão evidentes e terão de ser
resolvidas.
Podemos assim
concluir que de acordo com Piaget, o contacto com pontos de vistas divergentes
constituía um elemento crucial para o desenvolvimento da moralidade autónoma de
reciprocidade.
Esperem-nos no PENÚLTIMO POST! Pois é já está a acabar
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