quinta-feira, 7 de junho de 2012

D e s e n v o l v i m e n t o M o r a l


Como vos foi prometido, outro post, adivinharam no autor? Pois bem, mais uma vez falaremos de Piaget!

Desenvolvimento moral

Ao considerarmos um determinado acto certo ou errado estamos a ter um raciocínio moral. O modo como o raciocínio moral se desenvolve depende da idade em que a criança é considerada moralmente responsável e está tudo ligado ao desenvolvimento cognitivo.
Hoje em dia, os adultos em geral preocupam-se com a “moralidade” das crianças e dos jovens. Os pais, em especial, não querem que os filhos violem as regras e as leis e desejam que estes apresentem comportamentos considerados adequados evitando complicações de qualquer tipo.
O estudo sistemático sobre o desenvolvimento do pensamento moral inicia-se com Piaget (1973), em que este desenvolveu um modelo teórico explicativo do desenvolvimento moral baseado no respeito e compreensão das regras.
Para Piaget, a dimensão moral do desenvolvimento refere-se ao respeito pelas normas sociais e ao desenvolvimento de sentido de justiça no sentido da igualdade e reciprocidade.
Com experiências e observações, este propôs que a forma pela qual as crianças lidam com as regras, com a moral e a justiça, varia conforme o processo de desenvolvimento.
As suas investigações permitiram-lhe concluir que existem diferenças quanto ao respeito às regras em crianças de idades diferentes, distinguindo-se as fases de heteronomia e autonomia moral.

·        Heteronomia moral: dos 4/5 aos 8/9 anos
a)      O sujeito submete-se a regras que são ditadas do exterior e que são “sagradas”, provenientes de uma autoridade superior e que não podem ser alteradas;
b)     Nesta fase, a criança percebe as regras como absolutas, imutáveis e intangíveis;
c)      A moralidade é determinada pelas consequências materiais, independentemente das intenções do sujeito;
d)     Sendo as regras encaradas como algo exterior a si, só o respeito pela autoridade (que as dita) justifica que elas sejam seguidas.

·        Autonomia moral: dos 8/9 anos em diante
a)      É a moral da cooperação e da reciprocidade;
b)     O sujeito constrói as suas regras morais que interioriza e cuja necessidade compreende;
c)      A criança percebe as regras como estabelecidas e mantidas pelo consenso social;
d)     As considerações sobre a justeza de um acto dependem agora das intenções;
e)     O contacto com pontos de vista divergentes constitui um elemento crucial para o desenvolvimento da moralidade autónoma de reciprocidade.


Piaget passou algumas provas que consistem em pequenas histórias contadas que as crianças devem interpretar e julgar o que aconteceu (in Piaget, 1932, p.92):

1.       “Era uma vez um menino que se chamava João e que estava no seu quarto. A dada altura chamam-no para o jantar. Ele entra na sala, mas atrás da porta da sala estava uma cadeira e nessa cadeira estava um tabuleiro com quinze chávenas. O João não podia saber que estava lá a cadeira e o tabuleiro com as chávenas. Ele entra na sala, a porta bate na cadeira e atira o tabuleiro ao chão e as chávenas partem-se todas.”
2.      “Era uma vez um rapaz que se chamava Henrique. Um dia em que a sua mãe não estava em casa ele quis comer um doce que estava num armário alto. Ele subiu a uma cadeira e estendeu o braço. Mas o doce estava muito alto e ele não consegui chegar lá. Ao tentar chegar ao doce, ele empurrou uma chávena. A chávena caiu e partiu-se.”

Piaget mostra ainda a distinção entre juízos “realistas” (centrados no resultado em sim mesmo) e dos juízos “subjectivos”, de nível mais elaborado, que têm já em conta a intenção subjacente.
No desenvolvimento destes juízos não se verifica , todavia, uma passagem linear do “realista” para o “subjectivo” pois eles podem coexistir durante muito tempo.
Piaget concluiu que as crianças diferentes adquiriram versões diferentes das regras e, ao brincarem juntas, essas discrepâncias tornar-se-ão evidentes e terão de ser resolvidas.
Podemos assim concluir que de acordo com Piaget, o contacto com pontos de vistas divergentes constituía um elemento crucial para o desenvolvimento da moralidade autónoma de reciprocidade.

Esperem-nos no PENÚLTIMO POST! Pois é já está a acabar

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